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Diz-me

Nascido a 15 de Março sim eu mesmo, lembro-me de montar-mos tendas em cima da cama, ai que bom que era tudo isso, parece que me estão a vir todas as lembranças à cabeça, as birras que eu fazia para não ires trabalhar e ficares comigo, e daquela vez em que eu vi uma garrafa de sonasol e pensava que era sumo e bebi, lembras-te? que bons tempos e que tarolo que eu era. Lembro-me ainda melhor daquela sala e que metias sempre o comando da televisão no mesmo sitio, sempre no ombro do sofá e eu ia lá sempre e mandava-o ao chão, que reguila que eu era, mas era tão pequenino e tinha essa desculpa.
 Lembro-me da cor do teu carro, era vermelho, era nele que me chegaste a levar a muitos sítios, lembras-te de quando me levaste ao jardim zoológico? eu era tão pequenino mas ainda tenho as fotos por casa e vêm me os feelings, que bons tempos que eram, que bons momentos que eram. Porque teve de chegar aquela dita noite? Ouvia-se gritos, ouvia-se uma grande discussão, e eu não sabia de nada do que se passava, apenas conseguia perceber as minhas irmãs que estavam comigo no quarto e me estavam a distrair, ou pelo menos a tentar, até que do nada ouço uma porta a bater com força e corri para a sala, lá estava ela no sofá a chorar, a mãe, tu tinhas ido embora e nem me deixas-te um porquê, não me deixas-te uma razão nem uma despedida, pelo menos um ultimo abraço ou um ultimo adeus, algo que me confortasse, mas foste incapaz disso e estragas-te tudo o que eras para mim, mesmo sabendo que eu tinha perto de 7 anos.
 Passou-se uns 2 anos e tu voltaste a aparecer e eu desculpei, falamos os dois e ficou tudo bem, prometeste vir visitar-me mais vezes e que ia ser tudo diferente, e eu burro confiei e fiquei feliz com isso, sim, porque tu nunca mais apareceste, acho que apagaste da tua cabeça que tinhas um filho para criar e que precisava de um pai ao seu lado.
 E hoje deparo-me com os meus 17 anos e pergunto-me será que valeu a pena alguma vez eu te ter tido na minha vida? Tu só me trouxeste desilusões, grandes desilusões, onde está aquele pai que me levava ao Jardim Zoológico, onde está aquele pai do carro vermelho? Onde está aquele pai que montava tendas em cima da cama comigo? Onde está aquele pai que aturava as minhas birras? Onde está aquele pai a quem eu tirava o comando para o atirar ao chão? Onde estás tu? Diz-me!
 Merecias ouvir umas boas verdades, merecias que eu te mandasse tudo o que sinto por ti á cara.

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