E são nestes momentos noturnos que fico a pensar na falta que me fazes. Não tens noção das noites que passo em branco a pensar como poderia ser diferente, como tudo isto podia ser evitado, não fazes mesmo noção de nada do que sinto. Talvez nunca tenhas sentido o que sinto, talvez a tua vida tenha sido diferente, mas também os teus tempos eram outros, mas mesmo assim um pai faz sempre falta e eu não te tenho, aliás não me lembro de alguma vez te ter tido. Tenho dias em que só penso em ti, e tenho outros em que penso que talvez tenhas as tuas razões... não, tu não tens razões, não existem razões para abandonar um filho, isso é mesmo cobardia, e a meu ver deveria ser crime. Tu sabes lá o que eu dava para tudo ter sido diferente, para te ter desde sempre e para sempre, para saber qual a sensação de ter um pai... sim não sei se sabes mas eu não sei qual é a sensação, não consigo considerar alguém como pai sabendo que eras tu, e acho tão mau tu não entenderes isso. Será que não tens dois dedos de testa para pensares que tens aqui um filho? Que precisa de um lado paterno na vida! Que precisa de uma vida estável com um pai e uma mãe presentes! Não é nada fácil lidar com isto, tenho dias em que penso que já passou, mas tenho outros em que me lembro e passo a noite em branco, é sempre complicado precisar de alguém para desabafar, uma presença masculina forte, sangue do meu sangue, um PAI, coisa que nunca foste. Desiludiste-me muito, muito mesmo e posso sentir muita falta mas isto não tem perdão, nunca terá, terei sempre esta dor dentro de mim. Revolta-me tanto, saber que foste sem motivo, sem razão para tal, às vezes até podias ter ido só porque ias procurar trabalho fora, ou só porque não te sentias bem em casa e estavas farto de viver com a mãe, mas voltavas! Entendes? Voltavas, e tu não fizeste isso, foste e não voltaste... tu sabes a dor que isso me dá? Não sabes... nem nunca saberás porque tu não te importas, tu não sofres, tu não tens coração e não sabes o que é amar um filho, não sabes o significado da palavras "família". Acho que já nem me conheço... dou por mim com as lágrimas nos olhos por alguém que tudo o que me deixou foram desilusões e mais desilusões, eu não sei porque ainda choro ou porque ainda passo noites em branco, ou talvez até saiba mas queria tanto não saber, queria tanto não sentir nada do que sinto em relação a ti, queria apagar-te e não sentir mais esta revolta e tristeza junta, porque não é fácil, nem nunca será, lidar com o facto de não ter um pai. Gostava de ter chegado à idade que tenho hoje e dizer que tenho um grande homem na minha vida, alguém que me levasse ao jogos de futebol, que me desse dicas sobre raparigas, gosta de poder sentir o AMOR DE UM PAI.
O problema sou eu, essa é a grande verdade. Não mereço nada, não mereço o chão que piso, não mereço o lado bom das pessoas. Apego me, apego me rápido demais, se é que me apego realmente, na minha cabeça penso que sim e quando chego a meio vejo que não dá mais, acabo por desiludir as pessoas sem me aperceber disso. Não deveria ser assim, eu não sei que se passa dentro de mim, já não me conheço, não sei se este sou realmente eu, mas se for, eu juro que não me quero conhecer mais. Desiludido comigo mesmo, é assim que estou.
Comentários
Enviar um comentário